Uma autoimagem distorcida é a realidade para a maioria das mulheres. Por algum motivo, quando paramos para nos avaliar, nosso senso crítico atinge a potência máxima e só vemos queixas - celulite, pouco peito, pele sem brilho. E, por mais que sejam coisas em que ninguém repara, elas nos incomodam profundamente. A verdade é que jogamos para cima da aparência uma série de frustrações e insatisfações - até aqueles probleminhas emocionais que ficaram no passado parecem pesar nesse momento. E o espelho reflete, além do físico, toda a construção de imagem que fazemos de nós mesmas: de quão competente você se percebe na carreira a quão boa filha, amiga, namorada, esposa se considera. Um exercício rápido: quantas manhãs você já não acordou e se sentiu horrorosa e, logo no dia seguinte, atraente - sem nada ter mudado aparentemente? Isso acontece porque projetamos nossas inseguranças na aparência o tempo todo. Uma pesquisa da Social Issues Research Center, feita em 2012 no Reino Unido, mostrou que somos mais críticas com nossa autoimagem do que os homens - pelo menos oito em dez mulheres se olham no espelho e se sentem insatisfeitas. E esses tempos modernos só reforçaram isso. Os dias estão mais curtos, enquanto nossa lista de tarefas não para de crescer! E, não importa quanto você se esforce, nunca parece atingir o patamar das mulheres que admira. Mas espera aí. Talvez esteja faltando justamente colocar o seu nome nessa seleta lista.
Quero a vida dela!
Ninguém é linda como a Angelina Jolie nem tem o mesmo talento para negócios que Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza e a terceira empresária mais poderosa do Brasil, segundo a revista Forbes. Mas, por algum motivo, você sente que deveria - afinal, o mundo valoriza pessoas assim. Só que, em vez de essa admiração a empurrar para a frente, funciona como um lembrete de quanto você está ficando para trás enquanto essas supermulheres avançam à linha de chegada. Para poder competir à altura, você passa a exigir demais de si mesma. "A comparação é prejudical, pois estabelece referências irreais. Quanto mais você olha para o outro, menos se enxerga", diz a psicóloga Heloísa Fleury, de São Paulo. Colocar suas metas na estratosfera gera frustração e dá aquela impressão de nunca chegar aonde deseja.
Resultado: se você deita a cabeça no travesseiro todas as noites com a sensação de ter ficado "devendo" alguma coisa mesmo tendo feito seu melhor, será que a distância entre sua realidade e sua expectativa não está grande demais? É preciso ser inteligente para avaliar o que dá ou não para mudar - de que adianta sofrer para ter o corpo da Sabrina Sato se a sua estrutura for outra? Essa idealização gera cobranças e faz com que suas qualidades pareçam insuficientes. Fora que se esforçar para alcançar mulheres que não estão nem indo na mesma direção é cansativo - e uma perda de tempo, energia e talento.
A dor e a delícia de ser o que é
Não é fácil mudar a forma como a gente se vê. Afinal, essa imagem é construída por diversos elementos, desde características externas (como altura, peso e QI) até internas (como experiências, elogios e traumas). E porque vivemos em uma cultura em que ser modesto é "bonito", aprendemos a absorver melhor o negativo do que o positivo - esquecemos os elogios, mas nunca as críticas. "O ser humano é relacional: tem a necessidade de ser validado pelas pessoas o tempo todo", diz a psicóloga Sirley Bittu, da clínica Self Care, em São Paulo. Valorizamos a imagem dos outros à medida que desvalorizamos a nossa.
Ora, é um desafio e tanto manter a autoestima lá em cima quando o seu foco está em tudo aquilo que você não tem - e no que outras mulheres têm de sobra (ou que você imagina que tenham). Ok, a Angelina reúne tudo: beleza, sucesso, amor, família, sex appeal. Mas, se fosse possível, você estaria disposta a encarar o pacote completo, com os aspectos ruins também? A vida dela não é tudo isso que você pensa. E mesmo se fosse: será essa a definição de felicidade que você quer para você? "Nós confundimos a imagem que temos de alguém com a realidade dela. E nos espelharmos no melhor de uma pessoa, sem considerar seus pontos negativos, gera uma angústia desnecessária", diz Heloísa. À medida que você ajusta suas expectativas sobre os outros, você consegue se posicionar num patamar mais verdadeiro e justo em relação a si mesma. E, claro, fica mais feliz e satisfeita com as suas conquistas.
Invista no que você tem de melhor
A resposta está exatamente no que você considera o centro do problema: ser você mesma. Agora, precisamos ser sinceras. Provavelmente, você não tem nenhuma qualidade excepcional - nós também não, ufa. Isso é bom! Aliás, é o que a habilita a constar entre as pessoas mais admiradas da sua lista. Você, apesar de não sobressair por qualidades óbvias, como uma beleza exótica ou por saber negociar como ninguém, tem características e passou por experiências muito específicas, que a tornam uma pessoa única. Em vez de perder tempo pensando em tudo aquilo que não tem, mude o foco. Mesmo porque trabalhar a autoestima não é mais garantia de sucesso pessoal. Um estudo recente da Universidade Berkeley, nos Estados Unidos, garante que o que nos torna realmente poderosas é a autocompaixão elevada. Ou melhor, a habilidade de olhar para os próprios erros e fraquezas com compreensão e tolerância, sem severidade.
Sabe aquelas características que a fazem se destacar? Não precisa ser nada de mais: jogo de cintura, simpatia, disciplina... Procure desenvolvê-las. Você ganha mais investindo no que já tem do que gastando energia indo atrás de algo que talvez nem combine com seu perfil. Aliás, sua singularidade/pacote/conjunto é a arma mais forte que você guarda. E usar isso a seu favor pode ajudá-la a chegar mais longe em todas as áreas da vida. Sua realização depende de como você se aceita. Então, por que não trocar o espelho?
Faça um raio x da sua autoimagem
Monte uma lista com suas características. Não o que os outros dizem ou o que você gostaria de ser, mas como você se enxerga - com pontos positivos e negativos sobre sua aparência e personalidade. Isso vai ajudá-la a detectar onde anda se cobrando demais...
Identifique os rótulos que colocaram em você
Temos o costume de acreditar nas coisas que dizem sobre nós, mesmo que não sejam verdade. Chegou a hora de derrubar os mitos! Anote os defeitos e as qualidades que os outros apontam em você. Da lista, com quais realmente concorda? E quais foram induzidas? Se não conseguir pensar em mais de um exemplo que justifique a ideia, pode descartar.
Defina seus objetivos
Você quer realmente ter tudo? Se sim, por onde vai começar? Se não, o que é prioridade? Organize suas ambições e observe quais características podem ajudar você a chegar lá. Caso esteja pensando em estudar no exterior, por exemplo, e ainda não é fluente, utilize sua facilidade com idiomas para fazer um intensivo.
Fonte: site M de Mulher